sábado, 28 de abril de 2012

Guarani x Ponte Preta: mais um capítulo da história


Para elevar a atmosfera a um nível jamais presenciado por mim, não bastavam as camisas dos dois times aparecendo durante toda a semana nas ruas, o bate-papo a cada dia mais tenso, os questionamentos em relação ao tratamento da mídia (paulistana, paulista e nacional), o saudosismo presente em cada lembrança sobre dérbis passados e as bandeiras de ambos sendo vendidas aos montes nos semáforos, mas sim uma cena que se destacaria em meio a isso tudo de uma forma tão sutil, que passaria rapidamente pela janela do ônibus impedindo uma bela foto.

Ainda na quarta-feira flagrei duas dessas já citadas bandeiras - puídas e rotas, mas não menos orgulhosamente ostentadas - dividindo a mesma sacada de um apartamento no bairro Flamboyant, região leste de Campinas. Símbolos que devem pertencer a familiares rivais que se toleram pela condição do parentesco, é verdade, mas que não deixam de transformar os símbolos de Ponte Preta e Guarani, juntos, em uma combinação de respeito. Sim, respeito pelo futebol e o que ele significa. Para o bem e para o mal (como já dito por aqui anteriormente, clique e leia),  mas, principalmente, pela sua grandeza.

É muito simples, apesar de tudo, pois se o futebol consegue concentrar tudo de melhor e de pior no ser humano, imagine tudo isso concentrado em uma cidade grande relegada ao status de "interiorana", abarrotada de história e pessoas, cujos times nem sempre recebem o devido reconhecimento, apesar das décadas de 70 e 80 e da alcunha de "Capital do Futebol"?

Pois é. Inimaginável para muitos, mas é chegado o momento da cidade no esporte bretão. E o tempo no futebol, apesar de cruelmente fugaz, é memorável. Logo, a semana que se passou jamais poderá ser descrita ou igualada mesmo por outra semifinal ou final entre os arquirrivais campineiros, posto que é única em seu contexto e representou um hiato, um pequeno período sem incerteza e dúvida, mas repleto de confiança dos torcedores. 

Sim, pois, olhando por alguns segundos aquela sacada em que o alviverde o alvinegro dividiam espaço, orgulhosos por terem desqualificado seus rivais e primos mais famosos e das mesmas cores da capital, percebi que ninguém sairia derrotado. Não até o apito inicial no Estádio Brinco de Ouro soar às 18h30 de domingo.

Até lá, sem importar qual dos lados, Campinas já seria a vencedora.

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